
O projeto
Uma clínica social. Um espaço de escuta, acolhimento e resistência.
Conectamos profissionais da psicanálise, psicologia e educação com pessoas que buscam apoio diante dos desafios do mundo atual.
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O atendimento será agendado a partir do diálogo entre você e o(a) profissional.
Perguntas Frequentes
O Projeto Iara Iavelberg tem por objetivo criar espaços de acolhimento e escuta para o sofrimento social, oferecendo atendimentos psicológicos, psicanalíticos e educacionais.
Funciona como uma clínica social: conecta profissionais formados e comprometidos com pessoas que buscam um espaço de escuta.
Os atendimentos abrangem crianças, adolescentes e adultos. A proposta é simples, mas radical: escutar, acolher e sustentar o mal-estar que atravessa nossa experiência coletiva atual.
A ideia de clínica social é amplamente difundida, embora não exista uma definição única. Em geral, o termo se refere a atendimentos psicológicos ou psicanalíticos oferecidos com valores acessíveis a quem não pode pagar.
Mas, para nós, clínica social é mais do que isso. Está ligada à responsabilidade social da escuta — como afirma o próprio Código de Ética do Psicólogo, ao estabelecer que o profissional deve atuar de forma crítica, analisando historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
Trata-se, portanto, de sustentar um compromisso com a dignidade de quem sofre e de se fazer presente, especialmente em contextos de emergência, exclusão e violência, sem buscar unicamente benefício pessoal. É nesse terreno que a clínica se torna social.
Não. O projeto consiste apenas na conexão entre profissionais formados e capacitados que se voluntariam a atender nas condições do projeto e pessoas em busca de escuta.
O Projeto Iara funciona na modalidade de clínica social. Isso significa que os atendimentos podem ser gratuitos ou a preços acessíveis, definidos com base na realidade de cada pessoa.
Não trabalhamos com tabelas fixas de valor. A contribuição é combinada diretamente com o profissional responsável pelo atendimento, levando em conta as condições de quem procura o serviço — e nunca sendo um impedimento para o acesso.
Iara Iavelberg foi uma estudante de psicologia e militante, assassinada pelas forças repressivas do Estado aos 27 anos, durante a ditadura empresarial-militar, em 1971.
Nascida em uma família judia e comerciante que vivia em um bairro operário, Iara casou-se aos 16 anos e se separou durante a universidade. Ingressou no curso de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) em 1963. Segundo o relatório da Comissão da Verdade:
“Nesse período, Iara passou a atuar no grupo de teatro da USP (TUSP), onde realizou leituras dramáticas de Oswald de Andrade e Bertolt Brecht. Também era frequentadora da Cinemateca Brasileira e do Cine Bijou. Iara foi presidente da Associação Universitária dos Estudantes de Psicologia, onde defendeu a participação estudantil nas decisões sobre a estrutura do curso e se envolveu no debate, ainda incipiente, sobre as internações compulsórias. Contribuiu para a criação do Serviço de Atendimento Psicológico (SAP), voltado para um público de baixo poder aquisitivo. Em 1968, ingressou na pós-graduação e atuou como professora-assistente no Instituto de Psicologia da USP.”
Seu irmão Samuel relatou que, durante a formação em psicologia, Iara também deu aulas em um cursinho popular do movimento secundarista. Naquele momento, assembleias eram convocadas para organizar o enfrentamento ao golpe militar, levando ambos a se envolverem no movimento estudantil.
Ecléa Bosi, em depoimento ao Centro Acadêmico de Psicologia da USP, recorda Iara como uma estudante séria e generosa, muito respeitada por seus colegas. Lembrou que, anos depois, ela trabalhava com análise de conteúdo dos discursos de Fidel Castro, estudo que foi interrompido quando Iara entrou na clandestinidade.
O assassinato de Iara
Iara foi assassinada pela polícia em Salvador, no ano de 1971, aos 27 anos. Durante anos, o Estado sustentou a versão de que ela teria cometido suicídio, conforme o relatório da Operação Pajussara elaborado pelo DOI-CODI. Essa versão passou a ser questionada com o surgimento de trechos do diário de Carlos Lamarca, que relatava a prisão e tortura de diversos militantes em Salvador à época.
As contradições entre os próprios relatórios oficiais são evidentes: enquanto a Marinha afirmou que Iara “foi morta em Salvador (BA), em ação de segurança”, a Aeronáutica alegou que ela “se suicidou em Salvador (BA) [...] no interior de uma residência, quando esta foi cercada pela polícia”.
Os familiares de Iara nunca aceitaram essa versão oficial. Foram 13 anos de batalhas judiciais para obter a exumação de seus restos mortais e realizar uma nova perícia. Em 2013, após 42 anos, uma audiência pública da Comissão da Verdade Rubens Paiva, em São Paulo, comprovou que Iara foi assassinada. Participaram da audiência seu irmão Samuel, a sobrinha Mariana Pamplona, o médico Daniel Muñoz e o advogado da família, Luiz Eduardo Greenhalgh.
Uma inspiração para dar voz ao sofrimento da classe trabalhadora
Iara Iavelberg representa um compromisso intelectual e militante diante de um dos períodos mais brutais da história brasileira. O capital, por meio das forças repressivas do Estado, não apenas tirou sua vida, mas tentou ocultar as circunstâncias de sua morte, como fez com muitos outros que ousaram enfrentá-lo. Por isso, o lema Memória e Verdade é fundamental: dar voz à verdade é essencial para aqueles que lutam por liberdade efetiva.
Durante sua formação em psicologia, Iara também se empenhou em construir espaços de atendimento acessíveis aos trabalhadores. Hoje, ela é homenageada ao dar nome ao Centro Acadêmico de Psicologia da USP, a uma praça em São Paulo e a ruas em várias cidades do país. Em 1996, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência, pelo Grupo Tortura Nunca Mais (RJ).
Fazemos coro a essas homenagens, adotando seu nome em nossa clínica social. Que o compromisso intelectual e militante dessa figura histórica inspire nossa escuta e atuação.
Nas palavras de seu irmão, Samuel:
“O legado deixado por Iara é de que sempre que houver uma situação com a qual não concordamos, devemos lutar contra essa situação. Lutar por uma vida melhor para o povo brasileiro.”
Referências
BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório. Volume III. Brasília: CNV, 2014. Disponível em: http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_3_digital.pdf
Iara Iavelberg, 50 anos depois. Canal Tutaméia, 2021. YouTube – 87 min.
Depoimentos de Christian Dunker e Ecléa Bosi. Canal do Centro Acadêmico Iara Iavelberg, 2014. YouTube – 13 min.
Em busca de Iara. Dir. Flávio Frederico. São Paulo, 2013. DVD (90 min).
O Projeto Iara Iavelberg funcionou entre dezembro de 2022 e março de 2024 - e foi reativado pela EFOP em Julho de 2025.
O projeto se funda na constatação de que, após dois anos de pandemia, a situação no Brasil se tornou dramática. Isso porque já existia uma crise societária em curso quando fomos atingidos pela pandemia de Covid-19 e, em vez de combatê-la, o governo Bolsonaro promoveu devastações e disseminou inverdades, levando o Brasil a apresentar uma taxa de mortalidade pelo vírus mais de três vezes superior à média mundial.
Fome, desemprego e inflação se somam às violências cotidianas enfrentadas pelos trabalhadores. Diante disso, a criação deste projeto foi movida pela necessidade urgente de construir um espaço capaz de lidar com as consequências dessa barbárie instaurada na conjuntura atual, seus efeitos subjetivos e suas consequências objetivas.
Nossa proposta foi oferecer condições para a transformação de sintomas contemporâneos, que se apresentam em quadros descritos como depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outros. Essas experiências de sofrimento são expressões das contradições de uma sociedade que, embora habitada por bilhões, impõe rupturas nos laços entre os pares em nome da sobrevivência individual neste mundo desigual.
Nossa aposta é no caráter radical da linguagem que, no interior de um dispositivo de escuta, possa dar lugar a algumas dessas contradições e suas expressões particulares. Longe de buscar a adaptação dos sintomas a essa sociedade produtora de sofrimentos, o projeto buscou escutar e transformar as violências que gritam diariamente em cada esquina desse caos que chamamos de cidade — por meio da recriação das formas de viver a linguagem e transformá-la em atos de mudança.
A homenagem
O Projeto Iara Iavelberg homenageia uma importante psicóloga e militante brasileira. Iara enfrentou a ditadura empresarial-militar de 1964 participando de organizações políticas de esquerda. Além disso, buscou contribuir para o desenvolvimento de uma psicologia comprometida com a emancipação dos trabalhadores. Iara foi assassinada pelas forças da ditadura. Esta homenagem é também um resgate do papel social e do destino da psicologia enquanto campo de conhecimento e de atuação na transformação da sociedade brasileira.
Se você é psicólogo(a), psicanalista ou educador(a) e deseja participar do Projeto Iara, basta nos enviar seu currículo e uma carta de motivação para o e-mail: proj.iaraiavelberg@gmail.com
Depois do envio, entraremos em contato para conversar sobre sua disponibilidade e as formas possíveis de inserção no projeto. Os atendimentos são voluntários, realizados na modalidade de clínica social, conforme os princípios que orientam nossa proposta.
Se você representa um serviço público, instituição de ensino, associação comunitária ou outro tipo de organização que atua junto a populações em situação de vulnerabilidade ou sofrimento social, é possível estabelecer uma articulação com o Projeto Iara para o encaminhamento de pessoas aos atendimentos.
Para isso, pedimos que envie um e-mail aos cuidados da Direção Geral do Projeto, com as seguintes informações:
Nome e natureza da instituição ou órgão;
Breve descrição do público atendido e da demanda;
Forma de parceria ou articulação pretendida (encaminhamento direto, rede de apoio, divulgação etc.).
Assunto do e-mail: 📌 A/C Direção Projeto Iara - articulação/parceria
Endereço de envio: 📮 proj.iaraiavelberg@gmail.com
Todas as propostas são avaliadas de acordo com os princípios que orientam nossa prática como clínica social, e com base nas condições concretas de acolhimento disponíveis no momento.
A EFOP é uma escola grande, com várias equipes trabalhando em projetos diferentes. Se você está procurando mais informações sobre o Projeto Iara, acesse o site: https://www.efopvaniabambirra.com.br/projetoiara.
Se você quiser tirar dúvidas ou resolver questões relativas ao Projeto, escreva para: proj.iaraiavelberg@gmail.com
Se você não encontrou a resposta que procurava em nossa seção de Perguntas Frequentes, não se preocupe! Nossa equipe está pronta para ajudar.
Entre em contato por e-mail: proj.iaraiavelberg@gmail.com
Ensino da Psicanálise
O Projeto Iara também é um espaço de formação. Organizamos cursos, grupos de leitura e encontros voltados ao estudo da psicanálise em articulação com a realidade social, histórica e política do nosso tempo.
As atividades (ateliers de leitura, grupos de estudos e cursos) propõem o estudo da psicanálise a partir de suas articulações com a prática clínica, a vida social e as questões políticas do presente.
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Próximas atividades
Atividades passadas
- mar, 07 octGrupo de Leitura “Freud e o Inconsciente”, de Luiz Alfredo Garcia-Roza /Encontros por vídeo chamada
- 17 mar 2023, 18:00 – 20:00Trindade, R. Eng. Agronômico Andrei Cristian Ferreira, s/n - Trindade, Florianópolis - SC, 88040-900, BrasilGrupo de leitura do livro “Psicanálise e psicoterapia” de Radmila Zygouris, com o objetivo de trabalhar alguns debates importantes sobre a psicanálise presentes na obra.