ESCOLA DE FORMAÇÃO POLÍTICA DA CLASSE TRABALHADORA - VÂNIA BAMBIRRA
mié, 08 jun
|Sala no Zoom
Circulação da Balbúrdia - Ana Zandoná
A conformação de uma nova sociabilidade: Competências Socioemocionais nas orientações do Banco Interamericano do Desenvolvimento
Horário e local
08 jun 2022, 19:30 – 21:30
Sala no Zoom
Sobre o evento
Circulação da Balbúrdia - Ana Zandoná
A conformação de uma nova sociabilidade: Competências Socioemocionais nas orientações do Banco Interamericano do Desenvolvimento
O trabalho está disponível para leitura na Biblioteca da EFoP.
Ana é psicóloga e mestre em educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalha como psicóloga educacional e participa do Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho (GEPETO/UFSC). Também compõe a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora Vânia Bambirra.
Çírculação da Balbúrdia
A “Balbúrdia” se tornou um símbolo involuntário das universidades públicas. O estandarte de ouro do ex-Ministro Weintraub para justificar o corte do orçamento dessas instituições, bem como de suas autonomias constitucionais. A propaganda vigorosa de difamação das universidades repercutiu em diversos dos aparelhos de propaganda do Estado, entre os quais os grandes jornais. Logo diversos editoriais clamaram pelo “fim da Balbúrdia”. Imagens das paredes de centros acadêmicos e edifícios abandonados foram banalizadas, notícias falsas e delirantes se proliferaram. O alinhamento é evidente: era preciso desmantelar o prestígio que essas instituições ainda detém diante da sociedade para extinguí-las. Mas que conhecimento é esse que se produz nas universidades e que é capaz de tirar o sono dos heróis da ordem e do progresso nacional? Deveríamos nós nos afastarmos de quaisquer depravações à intelecção da ordem? Deveríamos nos tornar cientistas brancos, de jalecos brancos, diante de quadros brancos? Muitos, dentre os quais entre nós, se agarram a essa imagem maculada da universidade como um espaço límpido de progresso e desenvolvimento. Nós, por outro lado, abraçamos a Balbúrdia. A EFOP propõe um espaço de formação acadêmica e política para disputar a a universidade: a Circulação da Balbúrdia. Um espaço de debate sobre a produção acadêmica de esquerda das universidades públicas brasileiras. É um espaço para os pesquisadores apresentarem e discutirem suas teses e dissertações e colocá-las em circulação.
Resumo da dissertação
Nesta pesquisa estudamos as concepções do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel das Competências Socioemocionais (CSE) para a formação da classe trabalhadora latino-americana na última década. As CSE foram popularizadas no Brasil, a partir do ano de 2014, apresentadas por institutos empresariais e organizações multilaterais como uma forma de produzir bem-estar, cidadania, prevenir o bullying, reduzir a violência e proporcionar sucesso profissional. Foram propostas no ensino obrigatório, por meio das competências gerais, estipuladas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental no ano de 2017 e para o Ensino Médio no ano de 2018. Fundamentando-nos no materialismo histórico-dialético, realizamos análise documental e levantamento de pesquisas no campo do trabalho, psicologia e educação, com o intuito de analisar os argumentos que vêm sendo desenvolvidos para a inserção das CSE na formação de trabalhadores. Examinamos documentos do BID que recomendam a formação de CSE no contexto escolar, na educação profissional e no local de trabalho e sistematizamos estudos que nos permitem compreender a atuação do capital em contextos de crise e o impacto de suas reconfigurações na economia, no trabalho e na educação. Apreendemos ao longo da pesquisa, que as CSE estão relacionadas com a formação de um trabalhador dócil e resignado perante o aumento do empobrecimento da população, o trabalho precário e o desemprego, tornando-o contraditoriamente, mais propenso a internalizar as ideologias burguesas, A pesquisa sobre as CSE nas concepções do BID revelou que tais competências renovam o ideário de uma educação compensatória e estão alinhadas a uma atualização do papel técnico e moral da escola, à subsunção real do trabalhador em um momento de aumento do desemprego e dos ciclos de crise do capital. Assim, constituem parte importante de um projeto de formação do capital para a sociabilidade da juventude da classe trabalhadora, que se desenvolve nos países do centro do imperialismo e se estende para os contextos de capitalismo dependente, principalmente na última década, com o intuito de conter a classe trabalhadora e perpetuar a dominação. Trata-se de um projeto refinado do capital, para colocar a serviço da perpetuação da hegemonia da classe dominante elementos importantes da educação e da constituição de valores entre trabalhadores. Compreendê-lo e desvelá-lo revela também o potencial transformador da educação e da própria classe trabalhadora, visto que o capital tenta conter preventivamente a possibilidade de que esta construa um projeto para si.
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